ESCOLA
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NOME:________________________________________________________________________
A LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA
A enorme folha boiava nas águas do
rio. Era tão grande que, se quisesse, o curumim que a contemplava poderia fazer
dela um barco. Ele era miudinho, nascera numa noite de grande temporal. A
primeira luz que seus pequeninos olhos contemplaram foi o clarão azul de um
forte raio, aquele que derrubara a grande seringueira, cujo tronco dilacerado
até hoje ainda lá estava.
- Se alguém deve cortá-la, então
será meu filho, que nasceu hoje”, falou o cacique ao vê-la tombada depois da
procela. Ele será forte e veloz como o raio e, como este, ele deverá cortá-la
para fazer o ubá com que lutará e vencerá a torrente dos grandes rios...”
Talvez, por isso, aquele curumim
tão pequenino já se sentisse tão corajoso e capaz de enfrentar, sozinho, os
perigos da selva amazônica. Ele caminhava horas, ao léu, cortando cipós,
caçando pequenos mamíferos e aves; porém, até hoje, nos seus sete anos, ainda
não enfrentara a torrente do grande rio, que agora contemplava.
Observando bem aquelas grandes
folhas, imaginou navegar sobre uma delas, e não perdeu tempo. Pisou com muito
cuidado – os índios são sempre muito cautelosos – e, sentindo que ela suportava
o seu peso, sentou-se devagar, e com as mãozinhas improvisou um remo. Desceu
rio abaixo.
É verdade que a correnteza
favorecia, mas, contudo, por duas vezes quase caiu. Nem por isso se intimidou.
Navegou no seu barco vegetal até chegar a uma pequena enseada onde avistou a
mãe e outras índias que, ao sol, acariciavam os curumins quase
recém-nascidos embalando-os com
suas canções, que
falam da lua, da mãe-d’água do sol e de certas forças naturais que muito
temem.
Saltando em terra, correu para
junto da mãe, muito feliz com a façanha que praticara:
- Mãe, tenho o barco. Já posso
pescar no grande rio?”
- Um barco? Mas aquilo é apenas um
uapê; é uma formosa índia que Tupã transformou em planta.”
- Como, mãe? Então não é o meu
barco? Você sempre me disse que eu um dia haveria de ter meu ubá...”
- Meu filho, o teu barco, tu o
farás; este é apenas uma folha. É Naia, que se apaixonou pela lua...”
- Quem é Naia?”, perguntou curioso
o indiozinho.
- Vou contar-te...
Um dia, uma
formosa índia, chamada
Naia, apaixonou-se pela lua.
Sentia-se atraída por ela e, como quisesse alcançá-la, correu, correu, por
vales e montanhas atrás dela. Porém, quanto mais corriam, mais longe e alta ela
ficava. Desistiu de alcançá-la e voltou para a taba.
- A lua aparecia e fugia sempre, e
Naia cada vez mais a desejava.
- Uma noite, andando pelas matas
ao clarão do luar, Naia se aproximou de um lago e viu, nele refletida, a imagem
da lua.
- Sentiu-se feliz; julgou poder
agora alcançá-la e, atirando-se nas águas calmas do lago, afundou.
- Nunca mais ninguém a viu, mas
Tupã, com pena dela, transformou-a nesta linda planta, que floresce em todas as
luas. Entretanto uapê só abre suas pétalas à noite, para poder abraçar a lua,
que se vem refletir na sua aveludada corola.
- Vês? Não queiras, pois, tomá-la
para teu barco. Nela irás, por certo, para o fundo das águas.
- Meu filho, se te sentes bastante
forte, toma o machado e vai cortar aquele tronco que foi vencido pelo raio. Ele
é teu desde que nasceste.
- Dele farás o teu ubá; então,
navegarás sem perigo. Deixa em paz a grande flor das águas...”
Eis aí, como nasceu a história da
vitória-régia, ou uapê, ou iapunaque-uapê, a maior flor do mundo.
(Machado, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p.
105-106.)
QUESTÕES
1 1) Qual é o título do texto?
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2 2) Qual é o tema do texto?
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3 3) Quem é o autor ?
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4 4) Quantos parágrafos contem?
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5 5) Onde se passa a história?
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6 6) Quem são os personagens do texto?
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7) Quem conta a história da vitória régia?
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8 8) O que aconteceu com Naia? E por quê?
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9 9) Em sua opinião o que significa curumim e ubá?
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